Bons ventos
Movimento que vem de fora
No último final de semana, 14 barcos de Rio Grande e 13 de Porto Alegre estavam ancorados na extensão do Iate Clube de Pelotas
Dar uma volta ao mundo, sem ter hora pra voltar. Esta é a proposta da família paulista Migliano, que desde julho, escolheu o Iate Clube de Pelotas para ancorar seu barco e aguardar o vento à favor para seguir viagem. O velejador Gustavo, 43, e a esposa Paloma, 37, vivem há pelo menos quatro anos dentro da embarcação onde criam a filha Catarina, agora com dois anos. Conheceram a capacidade náutica da cidade por acaso, em um de seus deslocamentos à procura de auxílio para realizar reparos na moradia à vela.
"Quem está descendo pelo Brasil, geralmente pretende ir até Rio Grande, onde se sabe que o movimento é maior; mas se navegar um pouco mais, consegue se deparar com essa beleza", diz Gustavo. Esta afirmação confirma que, por falta de divulgação, muitos viajantes não sabem da inserção da cidade no cenário náutico. Fundado em 1979, o Iate Clube oferece serviços de ancoragem de barco a associados e viajantes em geral, e evolui gradativamente todos os anos. Através de convênios com outras cidades como Rio Grande, Jaguarão, São Lourenço e Porto Alegre, a área recebe mensalmente pessoas de várias localidades do país e do exterior, como Alemanha e Itália.
No último final de semana, 14 barcos de Rio Grande e 13 de Porto Alegre estavam ancorados na extensão. Um alemão deixou sua embarcação por dois meses no clube e voltou ao seu país. Quando soube que o período adequado de vento estava favorável para voltar à ativa, retornou a Pelotas e iniciou sua viagem pelas águas. O comodoro (gestor) da entidade, Luciano Mattei, garante que a cidade possui uma quantidade de barcos muito grande, e o fato da atividade não ter uma regulamentação própria no município faz com que ela sobreviva de forma isolada. Assim, ele conta que a entidade está se organizando em formas de contribuir para uma política pública de organização do segmento.
Ambiente favorável
Pessoas colocam suas cadeiras em baixo das árvores e sentam para tomar chimarrão, conversar e olhar a paisagem. Quando sentem o vento a favor, decidem dar conta dos preparativos e ir embora. É o caso de Pedro, 85, que ontem partiu do cais em direção à Ilha Grande, no Rio de Janeiro. Ele garante que o local onde ancora seu barco é tranquilo e as pessoas são sociáveis - por essa razão, sua volta já está marcada para a próxima semana.
Mattei garante que o Sul é um dos melhores lugares para navegação em termos de características ambientais naturais: águas calmas, zona plana e bons abrigos. "Os próprios visitantes dizem que a cidade tem tudo o que eles precisam", comenta. Gustavo conta que para todos os lugares em que viaja, são necessários alguns planejamentos, como estudar a segurança e a qualidade de vida do destino em questão. Para ele, a descoberta de Pelotas foi interessante por contemplar todos esses aspectos de forma positiva. "Fico me perguntando quantos lugares como esse existem no mundo e a gente ainda não conhece", admira.
Atividade complexa
Os barcos ancorados no local que necessitam de alguma manutenção maior, são encaminhados a Porto Alegre ou a Santa Catarina. De acordo com Luciano, faltam especialistas em eletroeletrônica náutica na cidade - a área, complexa, demanda qualificação da mão de obra. Alguns veículos utilizam energia solar e eólica em suas estruturas, e estes profissionais também são difíceis de serem encontrados. Devido a esta necessidade, o Clube é um grande gerador de empregos, mas a dificuldade de encontrar capacitados é um impedimento para o crescimento da atividade.
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